Mais do que meramente estética, a massa muscular desempenha um papel decisivo na prevenção de doenças, na manutenção da autonomia e no aumento da longevidade.
Introdução:
O aumento da massa muscular esteve sempre associado ao culturismo ou ao desporto de alta competição. Porém, atualmente, a ciência é clara: a quantidade e qualidade da tua massa muscular são indicadores diretos da tua saúde atual e do teu risco de mortalidade futura.
Neste artigo, exploramos as evidências mais recentes sobre o impacto da força e da massa muscular na prevenção de doenças, na composição corporal, na função metabólica e na qualidade de vida — e porque é que treinos como o CrossFit, quando bem orientados, são uma das melhores ferramentas para desenvolvê-las.
- Massa muscular e diminuição do risco de mortalidade
Uma revisão sistemática publicada no Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle (2021) concluiu que maiores níveis de força e massa muscular estão associados a menor risco de mortalidade por todas as causas, independentemente do índice de massa corporal (IMC)¹. Ou seja, ter mais músculo é protetor, mesmo em pessoas com peso considerado “normal”.
Isto deve-se ao facto de o músculo ser um tecido metabolicamente ativo, essencial na regulação da glicemia, sensibilidade à insulina, função imunológica e equilíbrio hormonal. A sua manutenção é considerada uma estratégia central na prevenção de doenças crónicas como a diabetes tipo 2, a síndrome metabólica e doenças cardiovasculares².
- Força e autonomia: o músculo como garantia da tua liberdade
Com o avançar da idade, a perda de massa muscular — sarcopenia — torna-se uma das principais causas de fragilidade, quedas, hospitalizações e perda de independência funcional. Um estudo publicado no British Medical Journal (2018) demonstrou que a força de preensão manual (um indicador de força geral) é um preditor robusto de incapacidade e mortalidade³.
Por outras palavras, ser capaz de agachar, levantar objetos do chão, empurrar ou puxar algo é o que te vai permitir continuar a viver de forma autónoma aos 70, 80 ou 90 anos.
- Composição corporal, metabolismo e energia
A massa muscular influencia diretamente a tua taxa metabólica basal — ou seja, a quantidade de calorias que o teu corpo gasta em repouso. Ao aumentá-la, melhoras a capacidade do teu organismo para gerir a gordura corporal e estabilizar os níveis de energia ao longo do dia.
Além disso, há evidência crescente de que treinos de força regulares melhoram a função cognitiva, reduzem os níveis de ansiedade e aumentam a sensação de bem-estar⁴. O impacto é profundo, mesmo em pessoas que nunca tinham treinado antes.
- Como construir músculo de forma sustentável
A boa notícia é que não precisas de viver no ginásio para colher estes benefícios. O que é necessário é um plano consistente e bem estruturado — com estímulo suficiente, recuperação adequada e atenção à nutrição.
Treinos funcionais como o CrossFit, que integram movimentos compostos, padrões funcionais e uma combinação de força e cardio, são particularmente eficazes. Acrescenta-se a isso o acompanhamento de um coach qualificado e tens o ambiente ideal para construir uma base física sólida e duradoura.
Conclusão:
A força que constróis hoje não serve apenas para levantar mais carga ou vencer no treino de amanhã. Serve, sobretudo, para te proteger, para te dar autonomia, e para garantir que vives mais e melhor.
Se valorizas a tua saúde a longo prazo, fortalece o teu corpo agora. Porque a longevidade não depende apenas da duração da tua vida, mas também da sua qualidade.
Referências Científicas:
- Lopez-Jimenez, F., & Lavie, C. J. (2021). The Role of Muscle Mass in Health and Disease. Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle, 12(1), 1–15.
- Wolfe, R. R. (2006). The underappreciated role of muscle in health and disease. The American Journal of Clinical Nutrition, 84(3), 475–482.
- Dodds, R. M., et al. (2018). Grip strength across the life course: normative data from twelve British studies. BMJ, 361, k1651.
- Gordon, B. R., et al. (2018). Resistance exercise training for anxiety and worry symptoms among young adults: A randomized controlled trial. Scientific Reports, 8(1), 1–10.